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O ‘perigo da adutora’ de volta a Paramirim

ANA realiza na próxima quarta-feira (09) a primeira reunião anual de alocação de água do sistema hídrico Zabumbão.

Foto: Luiz Carlos Marques Cardoso

Barragem do Zabumbão (Foto: Luiz Carlos Marques Cardoso)

Será realizada pela Agência Nacional das Águas (ANA) na próxima quarta-feira (09) a primeira reunião anual de alocação de água do sistema hídrico Zabumbão.

Participarão do evento, além da sociedade em geral, a Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento do Estado da Bahia (SIHS), a Secretaria de Meio Ambiente do Estado da Bahia (SEMA), o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado da Bahia (INEMA), a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (EMBASA), a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF), a CBH-PASO, a CBH São Francisco, as Prefeituras Municipais de Paramirim/BA, Caturama/BA, Botuporã/BA, Rio do Pires/BA, Macaúbas/BA, Ibipitanga/BA, Ibitiara/BA, Tanque Novo/BA, Érico Cardoso/BA, Oliveira dos Brejinhos/BA e Boquira/BA; o Ministério Público Estadual e Ministério Público Federal.

De acordo com o convite oficial do evento, a paula será a seguinte:

  1. Disponibilidade hídrica 2018/2019
  2. Usos dos recursos hídricos 2018/2019
  3. Marco Regulatório – processo de construção
  4. Alocação de Água 2018/2019
  5. Procedimentos operacionais para vazão defluente do açude
  6. Comissão de Acompanhamento da Alocação
  7. Termo de Alocação de Água 2018/2019

Há grande expectativa em torno da reunião, que pode trazer de volta o debate em torno de uma possível adutora na Barragem do Zabumbão. Em 2015 o governo do estado pretendia levar água do reservatório para abastecer mais cinco cidades do Vale. Houve protestos por parte da população e a licitação foi suspensa.

O Paramirim Agora procurou o presidente do Comitê das Bacias Hidrográficas dos rios Paramirim e Santo Onofre (CBH-PASO), Anselmo Caires, para solicitar sua posição a respeito do assunto, a qual segue abaixo.

Foto: Reprodução

Anselmo Caires, presidente da CBH PASO (Foto: Reprodução)

“O Estado da Bahia não parou a intenção, o objetivo e o querer de levar a água para esses municípios. Mas a gente sabe que a situação hoje é pior do que 2015. Para você ver: no ano passado, nessa época, nós estávamos com 32 milhões (de metros cúbicos), hoje nós só estamos com 19, e 15 é volume de alerta, consequentemente a barragem fecha e a água não desce para nada, é fechada só para consumo humano.”

“Então, o Estado mandou um novo projeto para a Agência Nacional de Águas, não conheço, não passou pelo Comitê, deveria ter passado pelo Comitê para dar o parecer, eles passaram por cima, mandaram para a Agência Nacional de Águas pedindo uma liberação de outorga de 100 litros por segundo. Já se pratica hoje 110 e quer mais 100 para atender esses municípios. A gente sabe que é inviável na condição do Zabumbão hoje. E também o Comitê deliberou naquela época de 29 de abril a construção da Barragem do Rio da Caixa e do Rio Remédio.”

“Não vejo como a ANA, que após a entrada desse projeto, dessa nova adutora do Zabumbão, que saíram de 425L/s, reduziram para 100L/s… você vê a desproporção do início de um projeto. A gente estava certo em acusar da inviabilidade daquele projeto naquela época. Então eles pediram agora 100L/s e a ANA não autorizou, então eles devem, nessa negociação aqui de Paramirim a quarta-feira, possivelmente poderá pedir esses 100 litros para uma nova adutora.”

“Eu não acredito pela situação crítica, mas existe o lado… que está se aproximando a eleição, o governador deverá querer fazer política ou fazer valer a promessa que ele fez dessa adutora do Zabumbão. Mas, cabe à gente, o órgão, o Comitê, e os órgãos envolvidos, e a sociedade, dizer que não tem condição, não tendo condição não vai validar esse volume. Mas eu não tenho nada concreto, a única coisa concreta que o Comitê tem é que o governo deu entrada na ANA um ano atrás no novo projeto da adutora do Zabumbão. Não recebi isso, o Comitê não recebeu, não validou esse novo projeto, e nós vamos para a discussão. É uma discussão tranquila, eu já conheço, já participei de uma locação em João Pessoa (PB), já participei de duas em Ceraíma, em Guanambi, é uma coisa tranquila.”

“O Estado deverá vir também (para a reunião), querer pedir algum volume. Eu não tenho certeza se eles virão mesmo, mas possivelmente, após esse convite que eu estou vendo aqui que a ANA mandou para os órgãos, consequentemente o Estado deve vir para cá também, tentar negociar algum volume para uma nova adutora.”

Também procurado pelo Paramirim Agora, o prefeito de Paramirim, Gilberto Brito, se disse contrário a uma possível adutora:

Foto: Reprodução/Achei Sudoeste

Gilberto Brito, prefeito de Paramirim (Foto: Reprodução/Achei Sudoeste)

“Eu sou a favor do que eu já coloquei para o governo, desde quando eu fui deputado: fazer-se a barragem do Rio da Caixa (em Rio do Pires), que tem um volume de água bem maior do que o Rio Paramirim, na época da chuva. Quando chove, o volume d’água que vem para o Rio Paramirim é menor do que o que vai para o Rio da Caixa.”

“Em se fazendo a Barragem do Rio da Caixa, o volume d’água será capaz bastante de abastecer os municípios de Macaúbas, Boquira, Ibipitanga, o próprio Rio do Pires, e até Oliveira dos Brejinhos. E o nosso aqui já abastece Paramirim, já abastece Caturama, Botuporã, Tanque Novo. E nós ainda temos um perímetro de irrigação. E eu sou a favor de que o perímetro de irrigação seja feito dentro da atualidade, ou seja, dentro da tecnologia. Tanto é que o governador já nos assegurou colocar energia elétrica na margem direita do Rio Paramirim, ou seja, do Zabumbão até a Lagoa da Porta, com a finalidade de implantar-se a irrigação, a exemplo do que acontece hoje com a região de Pajeú e de São João, onde hoje tem uma grande riqueza com a irrigação de bombeamento.”

“Nesse exato momento, esse ano, onde a previsão de chuva só poderá acontecer lá por volta do mês de outubro, não tem condição de sair água daqui agora, porque a barragem só está com 20 milhões de metros cúbicos de água. Então transcorrerão os meses de maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro e novembro. Sete meses. E aí, aonde é que vai encontrar água? Essa conversa eu tive com o secretário Bruno Dalfter, o chefe da Casa Civil do governador, e ele compreendeu bastante, e eu já tinha conversado isso anteriormente com o governador.”

A referida reunião será realizada nessa quarta-feira (9), das 9h às 12h, no Centro Cultural Nabor Caires de Brito. É imprescindível o comparecimento da população.

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